domingo, 1 de novembro de 2009

Drummond
(Versão Oficina)

Os cacos da vida, colados, formam uma estranha xícara
Às vezes vazia, buraco sem porta
Às vezes completa, fechadura morta
Espiando do tumulo o chá na porcelana torta
O chá requentado da minha bílis,
não ferve mais...
Os frangalhos da xícara
Não são totalmente reconstituíveis
-fragmentos fracassados-
na asa escondida
o invisível consola
o que já não se toca
O vapor esquenta
aquilo que se perdeu
Reorganizar do caos de tudo que era eu
E desse mosaico, se forma um fiel retrato meu.



Versão final

Os cacos da vida, colados
formam uma estranha xícara

Às vezes vazia,
buraco sem porta

Às vezes completa,
fechadura morta

Fragmentos colados
Na asa escondida

Cacos de sonhos?
Ou cacos de vida?

O invisível consola
Aquilo que se perdeu

E nesse mosaíco
O fiel retrato meu.


Cintia Machado


Drummond
(Texto Oficina)

Carlos, sossegue, amor
Aplaque os temores
Encare os amores
A vida é um riso
Entre as pernas sensuais de Afrodite
Serão como cereja
Mestra severa e impune
-Bela e má Pandora
Guarda algo mais que a esperança?
E não tomes o sangue nas mãos de Cleópatra
Como forma de amor único
Amar é a existência da penitência
Mas apesar disso tudo
Carlos, inflame o amor
Ou afague essa dor



VERSÃO EDITADA

Carlos sossegue o amor
Aplaque os temores
Encare o amor
A vida é um riso
Viva-a com inspiração
Entre as pernas sensuais de Afrodite
E a bela e má Pandora
E não tomes o sangue nas mãos de Cleópatra
Mestra, severa e impune
Amar é a existência da penitência
Como forma de amor único
Serão como cerejas
Mas apesar disso tudo
Guarda algo mais que a esperança?
Carlos inflame o amor
Ou afague a dor


Parte II

Afague a dor
Inflame o amor
Amor é a existência da penitência
Como forma de amor único
Guarda algo mais que a esperança
Nas mãos mestras
Belas e severas
Entre pernas sensuais
Encarando o amor
Aplacando o temor
Carlos sossegue o amor.


Darmira


(VERSÃO OFICINA)
Álvaro de Campo (pág. 174)

Aminha alma partiu-se como um vaso vazio
Não sei em quantas
Partes há um todo?
Areia diluída em água
Não sei em quantas
Partes há um todo
Quanto mede a massa de uma alma?
Não sei em quantas
Partes há um todo?
Quantas gotas completam o oceano?
Quantas estrelas acompanham a lua?
Não sei em quantas noites
Se faz uma vida
Tem importância a quantidade?
Se um copo de água mata a sede...
E o copo cheio me deleita
Mesmo partido ao meio, me reúne em memórias.
Mas um álbum de fotografia me conforta?
Ou me retorna a lembrança?
Do tempo que a alma era pura
Em chuvas ácidas
Que carregaram minhas migalhas
Onde está minha alma?


(VERSÃO EDITADA)
Álvaro de Campo (pág.174)

A minha alma partiu-se como um vazo vazio

A minha alma partiu-se como um vazo vazio
Não sei em quantas
Partes há um todo
-Areia diluída-
Não sei em quantas
Partes há um todo
Quanto mede a massa de uma alma?
Não sei em quantas
Partes há um todo
Em quantas gotas, uma vida?
Quantas estrelas se dispõem
Acompanhar a Lua?
Tem importância a quantidade?
Um copo cheio me deleita
Mesmo partido ao meio
Um álbum de fotografia completa?
Não sei em quantas
Partes há um todo
Onde está minha alma?


Jémina Diógenes
28-08-2010






(VERSÃO OFICINA)
A DEZ MIL METROS DE ALTURA (João Cabral – p. 75)

Vertigens de ver a vida me visitam
Na velha Terra, tudo vai se revirando
Num vôo sem vento e visão turva
Excessiva luz
Cega meus olhos
Causa paura
Cega-me a razão
Graças a Shiva
Vejo a revolta da livre imaginação!
Vejo a saudade longa na tarde
Que cai como uma folha seca no outono
Permanece a memória na árvore
Guardadas nas entranhas profundas
Adormece a mariposa esposa dos amantes




(VERSÃO EDITADA)
A DEZ MIL METROS DE ALTURA

vertigens
de ver a vida
me visitam
velha terra
em que
tudo se revira
em vôo sem vento e
turvo olhar

excessiva luz
me inunda
revolta da
imaginação
saudade
longa
na tarde
cai

seca folha
de outono

memória
gravada
nas entranhas
de uma árvore

asas
adormecidas
à sombra
da lua


Silvio J. Pedro

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