domingo, 2 de maio de 2010

CHANCE

Havia um menino
Na rua sozinho
Triste chorando
Não sabia o Dacaminho

Era entardecer
Queria estar
Sempre ao lado
Onde encontrar

Esse pequeno pirralho
Estava com fome
Fome e dor
Dor não esperada

Com sede de amor
Em meio tantas vidas
Vidas vividas
Vidas distantes

Vidas de encontro
Nessa imensa escuridão
Uma certa manhã
Vai acontecer

O sol vai brilhar
Menino,espere
Tão cedo estarei á ti...

Darmira Oliveira Lourenço



*a seguir uma trilogia:

I
cores


“Assim também a casa – representação simbólica da alma”
Milton Sabbag Jr.

olhou o seu quarto com olhos diferentes: desenraizada. o chão de terra batida não era o mesmo, a parede de madeira duvidava de sua própria cor girando no prisma. a pele do pé que tocava a terra, duvidava do chão. Onde se pisa, pisam os porcos que deixam nos rastros restos de comida. o que ao porco não serve, serve a fátima e sua família. quem sabe um coração de porco a salvasse do antigo mundo, desse a ela o novo que se abriria no fundo de cada outro mundo que é um outro alguém. a flor natural de casca de tomate, negada ao porco, efêmera, lhe cairia na boca como uma barata a ser triturada entre dentes, estava ali, posta: antes do jantar, o abismo da eternidade se fizera; decisão amara, necessária, vital. era preciso ruminar a flor sem pulso, só de casca, já passada, rejeitada por todos por quem passara. a flor de tomate merecia um fim. a fome comera a flor sem pulso , melhor seria ter se alimentado de vida ao invés de morte que se morre a cada dia. não pudera culpar o coração de porco, nem aos dentes famintos, nem mesmo a eternidade da decisão sem saída. quem pode diante do alimento morto cheirar os lírios do universo, ventar o pulso da hortência e a efêmera linha que separa as lições da beleza do prisma parado.


II
volver


a parte do ex-casamento que mais lhe faltava era a Cozinha. tivera sua casa de boneca por uns tempos, valia o sacrifício para fugir da infância entre restos de porcos. o marido não era de se confiar. a mão que existe para o tapa uma hora explodiria em seu rosto. sua filha não entendera o pai carinhoso, sem pudores e que prezava intimidades com ela. a filha gritaria a quem estivesse disposto a ouvir. a mãe perdera-se no seu sonho de boneca. restava para a menina a escola para o desabafo e, para a mãe, a mão pesada da lei ameaçara outro tapa. A mãe não quisera acreditar na possibilidade do horror, obrigou-se ao retorno, o seu horror particular. voltaria a sua infância maldita entre restos de si mesma, alma antiga.

III
concha


Apego. espaço do passado, presente no desejo. já tivera um lar, uma casa linda, arrumada; porém a um palmo do nariz: podridão. renuncia. filhos em primeiro lugar. lugares que a imaginação não quer tocar. o horror da possibilidade impressa na testa da filha. a volta para a concha essencial. Se pudesse, nunca volver a infância desgraçada de sua memória. A cozinha: porão desorganizado por ratos. coisas suas, queridas, entre dentes roedores. cozinha é quarto. quarto é corredor. quarto é cozinha. corredor-quintal para estender roupas. quisera
a vida toda ser dona de casa, ter marido e filhos – nada além disso. mas a labuta é diária. a dependência dos pais, do irmão são indispensáveis. da irmã, amargura descontada em seus filhos. a cozinha lhe dói n’alma.

(Sol) Lyllytthhg
outono/2010



sem título

Qantas cores
E seres
E sons

Tum tum....
Tum tum...
Tum tum...

Vejo
Não vejo
Vejo
Não vejo
Vejo!!!!

Onde estou?
Sinto frio
Fome...
Será??
Nossa!!!
Enfim braços quentes
Paz...quanto amor...
É, acho que morri...
Com certeza estou no céu
Mais Deus não é pai????

Polianna Menina

Nenhum comentário:

Postar um comentário